Odiar é fácil. Trata-se de um sentimento que parece estar no
âmago humano, tamanha facilidade de surgir. Odeia-se o que que não se
compreende, o diferente, aquilo que não agrada. Este sentimento parece caminhar
conosco. Talvez isso explique o motivo do mundo ser como é. O ódio é gratuito:
é uma violência direcionada àquilo que não nos convém.
O discurso de ódio cativa, pois ele cria inimigos a serem
combatidos. Ele edifica um sistema maniqueísta e de fácil entendimento, pois
ele divide tudo em apenas duas opções: bem ou mal. O ódio reduz tudo a opções
fáceis de serem entendidas, assimiladas e possibilita escolhas rápidas: está
comigo, ou não está; sim ou não; azul ou vermelho. O ódio é, por natureza,
reducionista. E por ter uma natureza tão pequena, faz com que quem o cultive se
torne parte do que ele é. Somos aquilo que fazemos e sentimos. Portanto, sentir
ódio nos torna odiosos.
Amar, pelo contrário, é o sentimento mais difícil de gestar.
Amar implica em ser tolerante. Em entender que o mundo não se divide apenas em
bem e mal. O mundo é uma soma: nem tudo que é mal, é mal em tudo. O amor
permite ver gradações nas cores. Ele permite o talvez. Amar permite entender
que todos nós somos limitados, diferentes e com formas únicas de ser. Amar
permite o respeito e o afeto. Amar é difícil, pois nos força a pensar e a se
colocar no lugar do outro. Amar é um esforço de ter empatia.
Por isso, quando me perguntam qual o meu palpite para os
rumos de nossa sociedade – e observando a facilidade com que o discurso de ódio
se alastra – eu me assusto. Me amedronto com a facilidade com que as ideias
intolerantes são abraçadas. Torço, ainda, para que as pessoas se permitam ir
além do ódio e tentem se colocar no lugar do outro, pois falta empatia. Será
que o ódio vencerá?
Juliano Schiavo é jornalista, escritor e biólogo
Americana - SP
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